segunda-feira, 2 de abril de 2018


TATU BOM DE BOLA

Artur
É um tatu
Muito gabola.
Corre no capim,
Devora cupim,
E na grama rola.

Então fica assim:
Vira uma bola.


Acorda sem medo
E corre pra escola
Pra sair mais cedo.
Tênis na mochila,
Meia na sacola,
Artur não vacila:

É quem monta o time,
É o dono da bola.

Natureza esperta,
Artur não se aperta:
Se não tem
Com quem jogar,
Brinca de golzinho,
Rolando pra lá e pra cá.

Faz o jogo pegar fogo
Sem sair do lugar.

Prum lado e pro outro
É o maior jogador.
De um lado e de outro

É o maior torcedor.
E de mentirinha, é até bandeirinha
E também locutor.

Influi no resultado, pra ficar feliz,
Pois também é o juiz!

Mata a pelota
no peito,
Amortece
 no casco,
faz embaixada
com a pata.

A regra do jogo
É sempre mata-mata.

Dá tanta cabeçada,
Que a testa fica roxa,
Pra acertar o gol.
Mas não desanima:
Está sempre tentando
Por baixo ou por cima.


Artur não pede favor:
É o que se chama de um craque cavador.

Chuta a própria bola
Com a ponta do rabo.
Cruza com a pata
E vai cabecear.
Entra de sola
E sabe marcar.

Corre o campo inteiro
Sem sair do lugar.

Está sempre treinando,
Para aprender com é.
Vê todos os filmes
Dos gols do Pelé,
Prestando atenção,
O olho brilhando.



O peito até incha,
Pois quer ser um Garrincha.

Quer saber driblar,
Que nem faz o Neymar.
E chutar bem forte,
Que nem fazia Ronaldinho.
Por isso é que treina
Desde pequeninho.

Não chuta de bico:
Quer driblar feito o Zico
(Quem não se lembra do Galinho?).

Um torcedor especial
Dá pulos de alegria,
Grita na geral,
Vibra de emoção:
“Este meu filho
É mesmo um cracão!”

É o pai do Artur,
Seu Tatu Bolão.



E a família inteira,
Muito orgulhosa,
Vai aplaudir:
A irmã Tatuzinha,
Que é maravilhosa,
E o irmão Tatuí.

E até uma torcedora ilustríssima:
Sua mãe, dona Tatuzíssima.

Meninos se espremem,
Na arquibancada,
Para vê-los jogar.
O chamam de mestre moderno
E levam os cadernos
Para ele autografar.

Artur está virando
Um tatu pop-star.

Mas disse o Tatu Bolinha,
Numa conversinha,
Que não está gostando

De tanta folia.
Pois só quer ser feliz,
Só quer alegria.

E com tanta festinha,
Anda até assustado.
Não sai mais dos jornais,
Grava especiais
Na televisão
E quase já não toca na bola.

Às vezes até se enrola
Com tanta badalação.

Dando entrevistas,
Pra lá e pra cá,
Com vida de artista,
De pulo e pinote.
Bolinha perdeu o sossego
Desde que virou mascote
Daquela Seleção
Que levou um sacode
E foi uma decepção.

Está quase pedindo arrego,
Quer voltar a ser “bolista”.

Impôs uma condição
Para os cartolas
Da Federação:
“O meu negócio é jogar.
Na próxima Copa
Ponham-me na Seleção,
Eu não vou decepcionar.”

Fechou-se feito uma argola,
Mas abriu o coração:

“Posso ser goleiro,
Quem sabe zagueiro,
Ou médio volante.
Posso ser ponteiro,
Ou até atacante,
Que não faz firula.


Para ser mascote,
Melhor ser gandula.

Não vou ficar preso
Nesse cartaz.
Quero muito mais:
Brilhar no gramado,
Ser ovacionado,
Sair da gaiola.

Fica combinado:
Eu vou ser a bola!

(Livro infantojuvenil "Tatu bom de bola". Editora Melhoramentos, 2018)








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